Governo socialista da Andaluzia expropria bancos e instaura a propriedade social
6/6/2013 12:31
O
 movimento dos Afetados pelas hipotecas, o Madrid 12 de Maio (M12M), e 
outros grupos sociais mais localizados, que colocam milhares de pessoas 
nas ruas pelo direito à habitação, organizam ações de solidariedade e de
 resistência aos despejos, ocupam casas, ocupam bancos, denunciam
 as dívidas abusivas que as pessoas foram obrigadas a contrair para 
conseguir uma habitação.
 Demonstram que, com o desemprego e com a crise,
 chegaram a um limite, à exaustão, e não podem continuar a aceitar uma 
política que usa a habitação como uma forma de saque e de espoliação das
 famílias que, para conseguirem acessar a este direito fundamental, têm 
que pagar preços elevadíssimos e se endividar para toda a vida.
Com
 esta política apenas lucraram os investidores imobiliários e a banca, 
que reduziram a habitação a um produto financeiro, a um objeto de 
especulação. Nesse processo conseguiram apresentar uma iniciativa 
legislativa popular com três propostas: que a entrega da casa salde a 
dívida, que as pessoas se mantenham nas casas como arrendatárias a um 
preço acessível e que estas propostas tenham efeitos retroativos para 
quem já ficou sem casa.
Esta
 pressão já começa a gerar frutos. O governo regional da Andaluzia 
constituído em acordo político pela Izquierda Unida e PSOE, anuncia 
através da conselheira Elena Cortés um decreto de lei que pretende fazer
 efetiva a função social da propriedade e parar os despejos em nome do 
direito humano à habitação. As principais medidas desta lei são a 
expropriação temporária das casas cujas famílias estejam em risco de 
exclusão social devido à execução da hipoteca, evitando assim o despejo,
 assim como fazer um levantamento efetivo das casas desabitadas que são 
de entidades financeiras e imobiliárias, incentivando à colocação destas
 no mercado de arrendamento, ou a sanções que podem ir até aos 9 mil 
euros de coima por a casa estar vazia.
É
 um passo importante que vem criar finalmente alguns limites às 
entidades financeiras. Tornar a Andaluzia livre de despejos é, na 
conjuntura atual uma vitória. Em vez da primazia da propriedade privada 
que atualmente insiste em sobrepor-se a todos os outros direitos, 
assume-se como desígnio a função social da propriedade e que a habitação
 é um direito humano que não pode ser violado.
A
 guerra não está ganha, mas estas medidas criam um precedente que será 
importante para muitos outros lugares e para uma outra forma de pensar. 
Muito será feito para tentar revogar tal medida, provavelmente os lóbis 
financeiros e o governo central contorcem-se neste momento a encontrar 
forma de reverter a situação. A luta e a persistência do movimento foram
 fundamentais para este avanço e continuam a ser necessárias para 
defender a concretização efetiva de medidas com este espírito.
Há
 grandes semelhanças entre a realidade do mercado de habitação do Estado
 espanhol e de Portugal: uma política urbanística baseada na na promoção
 do endividamento que acompanhou de forma linear a especulação sobre o 
preço dos terrenos e das residências. O saldo é o excesso de construção,
 casas com preço muito acima do que deveria ser o seu real valor, 
milhares de famílias muito endividadas, lucros fabulosos de 
especuladores e da banca, um mercado de arrendamento débil e quase um 
milhão de casas vazias, grande parte de fundos de investimento.
Agora,
 com a crise e o aumento do desemprego, muitas são as famílias que 
deixam de conseguir pagar o empréstimo, e tal como nos Estado espanhol, 
muitas delas terão também uma dívida para pagar mesmo depois de perder a
 casa. “Também em Portugal, uma luta social se torna necessária e 
medidas corajosas que venham impedir os despejos, em nome do direito 
humano à habitação”, afirma a correspondente do portal Esquerda.net, 
Rita Silva, desde Lisboa.
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