segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

DESEJO, por Victor Hugo

"DESEJO

Desejo primeiro que você ame,
... E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar."

(Victor Hugo)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

CORDEL DO MENSALÃO, por Fred Monteiro


/ Blogs e Colunistas
25/12/2012
às 20:03 \ Feira Livre

‘Cordel do Mensalão’, por Fred Monteiro

FRED MONTEIRO
MENSALÃO, O MAIOR ESCÂNDALO DA HISTÓRIA DO BRASIL
Corria 2005
era o dia 10 de maio
quando um mero burocrata
com a cara de lacaio
dos quadros da ECT
(Correios, como se vê)
deu uma de papagaio

Meteu a língua nos dentes
entregou todo o serviço
pra dizer a um empresário
que sem muito rebuliço
aceitava uma propina
pra poder abrir a mina
e assumia o compromisso

O empresário sabido
filmou a reunião
e o Seu Maurício Marinho
que era um perfeito ladrão
embolsou de logo a grana
e esse filme bacana
passou na televisão

O cabra tinha respaldo
de um deputado sacana
que era o tal do Roberto
Jefferson, rei da chicana
do partido PTB
ora veja então você
era uma grande ratazana

Pois pegado na botija
da tramóia dos Correios
O gorducho deputado
perdeu de vez os arreios
e entregou o PT
que essa altura como vê
já tinha afrouxado os freios

Partido metido a sério
metido a ser esquerdista
o PT era uma pulha
com chefe sindicalista
que só queria subir
e o Poder usufruir
sob a capa comunista

O Chefão desse PT
era um cabra nordestino
com uma cara de herói
e mente de sibilino
um profeta de araque
esse herói de almanaque
não engana nem menino

No dia 9 de junho
de 2005 dito
instalou-se no Congresso
a contragosto do mito
uma CPI de vera
pra entrar no mei’ das fera
botar tudo por escrito

Chamaram logo os banqueiros
que entravam com a grana
e o tal do Marcos Valério
carequinha bem sacana
foi logo indiciado
e haja muito deputado
com medo de entrar em cana

E assim no mês de junho
lá no dia 16
que Zé Dirceu, o ministro
da Casa Civil já fez
seu pedido de renúncia
pois diante da denúncia
viu chegada a sua vez

No dia 8 de julho
mais um canalha foi preso
era o irmão do Presidente
do PT então coeso
Assessor de Deputado
pela polícia pegado
sua cueca era um peso

Um peso de tanta nota
só de dólar eram 100 mil
Genuino ficou doido
porque o irmão traiu
o plano mirabolante
de transferir num instante
todo o ouro e prata vil

No dia 20 de julho
a coisa ficou mais preta
outra Comissão criada
pra investigar a mutreta
da compra de deputados
que eram cooptados
com o dinheiro da falseta

Aí em 12 de agosto
vem o Presidente Lula
Afirmar que foi traído
isso quem quiser engula
desculpou-se na TV
e até hoje se vê
que sua fala foi chula

A essa altura da novela
Falou-se até em renúncia
a oposição tão fraca
afrouxou e sem denúncia
ficou quase que encerrado
o “impeachment” desejado
pensamento sem pronúncia

Chegou o mês de agosto
afinal, aos 31
A Polícia indicia
os cabeças do fartum
escândalo fedorento
esse acontecimento
de humor não tem nenhum

Dançou Delúbio Soares
O Genuíno também
Marcos Valério foi outro
que dançou como ninguém
e até o marqueteiro
Duda Mendonça encrenqueiro
quase fica sem vintém

Cassaram Roberto Jefferson
em 14 de setembro
por corrupção das brabas
e de tudo ele foi membro
sem falar na Eletronorte
no IRB, falta de sorte
além de gordo era zembro

A CPI concluida
e novembro no final
provocou imensa ira
porque mesmo no geral
não houve uma conclusão
naquela investigação
virando coisa banal

em 1° de dezembro
O Zé Dirceu foi cassado
pela quebra do decoro
e logo foi apenado
não pode se eleger
e dez anos vai sofrer
por seu erro comprovado

2006 foi chegando
e era 5 de abril
a CPI dos Correios
encerrou como se viu
comprovou o envolvimento
desses 18 nojentos
de um Congresso servil

Mais de 100 denunciados
e a sorte está lançada
a denúncia afigurou-se
muito bem apresentada
o senhor Procurador
da República firmou
a tramóia bem traçada

Antonio Fernando Souza
no dia 11 de abril
levou 40 ladrões
desse esquema tão vil
ao Supremo Tribunal
pra prestar contas do mal
que fizeram ao meu Brasil

Mesmo assim oito ladrões
do dinheiro da nação
foram eleitos em 2 de outubro
pois a lei não disse não
ficha-suja nesse tempo
flanava sem contratempo
e ganhava a eleição

6 de dezembro chegou
covardes renunciaram
dos 19 acusados
outros 12 escaparam
os 3 que foram cassados
e um deles, desculpado
muito contentes ficaram

Mas a coisa ficou dura
depois que o Tribunal
O Supremo em forma pura
a denúncia afinal
aceitou e nomeou
para ser o Relator
Um Juiz fenomenal

Corria o ano da graça
de 2007 então
desde que o STF
conheceu do “mensalão”
que assim era chamado
por ser mensal o acertado
com deputado ladrão

2008, janeiro
e 28 era o dia
quando Silvio Land Rover
abriu o jogo e não via
hora de aceitar o falho
trocar cadeia em trabalho
e livrar-se da ingrizia

em 14 de setembro
de 2010, chegado
bateu as botas de enfarte
aquele tal deputado
do PP, José Janene
que foi de forma perene
pagar no inferno o pecado

Finalmente chega o dia
7 e de julho era o mês
da entrega do libelo
que a PGR fez
Dr Roberto Gurgel
fez denúncias a granel
e condenou 36

Dos 38 implicados
tirando Janene e Silvio
escapou Luiz Gushiken
O Lamas sentiu alívio
foi o Antonio, um irmão
de outro do mensalão
Jacinto, seu nome trívio

Finalmente foi chegado
esse julgamento agora
dia 22 de agosto
que é o mês da caipora
O Relatório foi lido
Joaquim Barbosa aplaudido
viu chegar a sua hora

Eu aqui abro uma brecha
pra saudar esse Juiz
que representa o desejo
do brasileiro que diz
Eu quero minha Nação
sem mancha de danação
um vero e honesto País

Então eu mudo a toada
rimando em modos diversos
em décimas arranjando
esses meus modestos versos
louvando um Juiz decente
orgulho da nossa gente
e aqui não tergiverso

*************
Era um vez um Juiz
um exemplo de carreira
não era de brincadeira
era um sujeito feliz
e tudo o que sempre quis
conseguiu sem falação
até fora da Nação
tinha fama de rochedo
‘Tem muita gente com medo
Da toga do Joaquinzão.’

Pensando em só agradar
nosso afrodescendente
o Lula, ex-presidente
convidou-o pra atuar
como cotista vulgar
N’ Alta Corte da Nação
pra fugir do mensalão
Mas Joaquim mudou o enredo
‘Tem muita gente com medo
Da toga do Joaquinzão.’

Assim resumo a história
de um novo herói brasileiro
que não curvou-se ao dinheiro
nem à fama e à falsa glória
mas já ficou na Memória
Honrou sua tradição
rejeitou a omissão
Revelou o seu segredo
‘Tem muita gente com medo
Da toga do Joaquinzão.’

**********************
(Aviso aqui por justiça
que este mote arretado
não pertence a este escriba
e foi só por mim glosado
é de Wellington Vicente
um poeta inteligente
em Rondônia baseado)

Agora eu passo a falar
como foi o julgamento
à medida em que o Juiz
Relator com sentimento
ia apresentando os fatos
fatiando seus relatos
com grande discernimento

Desenrolando o enredo
como se fosse novela
o Dr Joaquim indica
a trama como era ela
e assim facilitando
o roubo foi explicando
o crime claro na tela

Fatiou o Mensalão
e provando em cada parte
como se dava a mutreta
fez isso com muita arte
os banqueiros para um lado
para o outro, os deputados
disparou seu bacamarte

Num setor, publcitários
que desviaram recurso
para bancos estrangeiros
foi de vigarice um curso
mas no faro dessa grana
esse bando de sacana
ganhou um abraço de urso

A vantagem disso tudo
foi explicar a tramóia
mentiras a descoberto
político em paranóia
foi cabra dando chilique
descobriram seu trambique
e ficaram sem tipoia

Alguns até se livraram
por falta de prova certa
mesmo assim foi complicado
e o sapato lhes aperta
foi como se nus ficassem
e assim todos achassem
que nada mais lhes conserta

Até que chegou o tempo
das penas discriminar
e novamente o Joaquim
o nosso herói singular
começa a meter a peia
vai mandá-los pra cadeia
para seus crime pagar

Um deles já tem contados
36 anos de cana
multa de uns 2 milhões
pra deixar de ser sacana
foi o careca Valério
que não vai ter refrigério
na sua vida cigana

Outros mais já estão vindo
pra mira do Joaquinzão
e passando no seu crivo
mais cadeia pegarão
pois os crimes cometidos
por magote de bandidos
impunes não ficarão

O Brasil já precisava
acabar com essa agonia
de político ladrão
roubar com toda alegria
tirando a paz da nação
deixando os pobres na mão
sem nenhuma primazia

Um deputado que rouba
mata cem mil duma vez
são crianças sem escola
numa grande insensatez
e a saúde dos velhinhos,
que de si já são fraquinhos ?
tudo é grande estupidez !

O país está quebrado
Segurança não existe
A inflação desenfreada
O plano Real, que triste,
sendo vilipendiado
tudo isso é um pecado
não pode virar um chiste

Mas, mensaleiros punidos
já foi uma grande passada
para um Brasil mais sério
de ética consagrada
já basta de tanto roubo
o povo não é mais bobo
vai ganhar esta parada !

Aqui agradeço a Deus
por me conceder a graça
de assistir a tudo isso
de ver cessar a desgraça
que pairava em nossa terra
a Justiça agora encerra
toda essa vil arruaça

Eu espero que a gente
aprenda a lição agora
e também que só eleja
quando for chegada a hora
um político decente
que mude esse ambiente
e esse dia não demora

O Mensalão foi julgado
condenado pelo povo
nós devemos isso tudo
(e por isso eu me comovo)
à nossa Democracia
que trouxe com galhardia
A Esperança de novo !

NA ARGENTINA, NÃO E DIFERENTE DAQUI, VEJAM

Felisa Miceli durante conferência do Banco Mundial em Washington em 2007, quando era ministra no governo de Néstor Kirchner Foto: AFP Felisa Miceli durante conferência do Banco Mundial em Washington em 2007, quando era ministra no governo de Néstor Kirchner
Foto: AFP


A Justiça da Argentina condenou nesta quinta-feira a quatro anos de prisão a ex-ministra da Economia, Felisa Miceli, por ocultação. Em 2007, foi encontrada no banheiro de seu gabinete no Palácio da Fazenda uma bolsa com US$ 31 mil e 100 mil pesos. Os juízes também proibiram Miceli de exercer cargos públicos por oito anos. Esta foi a primeira condenação de uma funcionária dos governos de Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua sucessora, Cristina Kirchner.
A ex-funcionária, de 60 anos, antecipou que apelará à decisão do tribunal. "Não consigo entender, há gravíssimos casos de corrupção nos quais ninguém vai a julgamento", disse a ex-ministra ao sair do tribunal. Na época, a ex-ministra disse que um irmão lhe emprestou o dinheiro para comprar uma casa, mas não conseguiu provar a transação imobiliária. Além disso, a ata onde foi feito o registro sobre a bolsa sumiu.
Felisa Miceli foi a primeira mulher na história da Argentina a ocupar o cargo de ministra da Economia. Ela renunciou no dia 16 de julho de 2007, em meio ao escândalo. O caso foi apelidado pela imprensa do país de "banheirogate", em referência ao escândalo de Watergate ocorrido na década de 70 nos Estados Unidos e que culminou com a renúncia do presidente Richard Nixon.
Com informações das agências AFP e EFE.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

MULHER DEMITIDA POR SER BELA, NÃO GANHA INDENIZAÇÃO

Corte americana rejeita queixa de mulher demitida por ser bela

O Supremo Tribunal do Estado americano rejeitou a queixa de discriminação aberta por uma assistente de dentista que foi demitida, segundo seu ex-chefe, por colocar o casamento dele em perigo, mesmo sem seduzi-lo. A notícia é do jornal francês Le Monde.
Casada e com filhos, Melissa Nelson trabalhou durante dez anos no consultório de James Knight. No último ano, o dentista começou a criticar as roupas da assistente, que, acentuando as formas de seu corpo, o desconcentravam. Ele também chegou a retratar sua relação com a assistente como "ter um Lamborghini na garagem, sem jamais te-lo conduzido".
Até que um dia, a esposa de Knight, que também trabalhava no consultório, descobriu que seu marido enviara mensagens por celular a Melissa, que nunca deu abertura às investidas do chefe. O fato causou uma crise no casamento do dentista, que após uma série de discussões com sua esposa e o pastor da igreja que frequentava, decidiu demitir a assistente porque ela desestabilizava seu matrimônio.
A corte, formada unicamente por homens, entendeu que a demissão não foi justa, mas não acolheu o argumento de discriminação. Segundo o advogado de James Knight, a decisão abre "precedente para que os empregadores demitam funcionários que procuram causar inveja em suas esposas".
 
Fonte: Consultor Jurídico.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A IDADE DE SER FELIZ, leia, você vai gostar

  • A Idade de Ser Feliz

    Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
    somente uma época na vida de cada pessoa
    em que é possível sonhar e fazer planos
    e ter energia bastante para realizá-las
    a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

    Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
    e desfrutar tudo com toda intensidade
    sem medo, nem culpa de sentir prazer.

    Fase dourada em que a gente pode criar
    e recriar a vida,
    a nossa própria imagem e semelhança
    e vestir-se com todas as cores
    e experimentar todos os sabores
    e entregar-se a todos os amores
    sem preconceito nem pudor.

    Tempo de entusiasmo e coragem
    em que todo o desafio é mais um convite à luta
    que a gente enfrenta com toda disposição
    de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
    e quantas vezes for preciso.

    Essa idade tão fugaz na vida da gente
    chama-se PRESENTE
    e tem a duração do instante que passa.
    desconhecido

    quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

    O JUIZ E O PROMOTOR, não percam!!!!

    O JUIZ E O PROMOTOR, não percam

    O juiz de Monte Aprazível (SP) era Plínio Gomes Barbosa quando chegou à comarca um jovem promotor, formado havia pouco tempo.
    - Doutor juiz, devo requerer de pé ou sentado? – perguntou-lhe o jovem, cheio de cerimônia, logo na primeira audiência.
    - Você se formou onde, meu filho?
    - O MEC fechou a minha faculdade, doutor...
    - Então requeira de cócoras.

    sábado, 15 de dezembro de 2012

    SATÂNICO É O MEU PENSAMENTO A TEU RESPEITO, Carlos Drumond de Andrade

    SABER ESCREVER É OUTRA COISA !!!
    Num momento de descontração, Carlos Drumond de Andrade escreveu :
    "Satânico é meu pensamento a teu respeito e ardente é o meu desejo de apertar-te
    em minhas mãos, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
    A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
    Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!
    Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim
    e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares.
    ... Adormeci.

    Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
    Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis
    do que entre nós ocorreu durante a noite.
    Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar...
    Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
    Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
    Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo...
    Só assim, livrar-me-ei de ti...
    Pernilongo Filho da puta"...
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    quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

    FRASES, FRASES, MUITO INTERESSANTES


    Não corra atrás das borboletas; plante uma flor em seu jardim e todas as borboletas virão até ela.
    D. Elhers
    As larvas do meu coração viraram borboletas no meu estômago.
    Tati Bernardi
    O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi.
    Cazuza
    Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.
    Antoine de Saint-Exupéry
    "(...) O segredo é não correr atrás das borboletas…
    É cuidar do jardim para que elas venham até você.
    No final das contas, você vai achar,
    não quem você estava procurando,
    mas quem estava procurando por você!”
    Mario Quintana
    "É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas"
    Antoine de Saint-Exupéry
    As vezes você tem que parar e pensar, começar a ouvir o seu cérebro se quiser salvar o seu coração.
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Não sou solteira. Estou simplesmente à reserva para aquele que merece todo o meu coração, porque eles dizem que coisas boas levam tempo.
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Gosto das coisas que estão acontecendo. Queria contar, mas tem coisas que não dá pra colocar em simples palavras
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Acabou? É melhor que você sofra agora, do que esperar dias, meses, ou até mesmo anos pra se livrar de um sentimento que vai acabar com você, dia a dia.
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Se eu percebo que já não sou mais importante como antes… eu me afasto. Se já não importo tanto, por que eu deveria ficar?
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Sofri, sofri mesmo. Sofri porque eu acreditei no que eu queria ver. Eu vi um rio, onde só existia uma gota.
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Prefiro a música, porque ela ouve o meu silêncio e ainda o traduz, sem que eu precise me explicar.
    Prefira Borboletas
    Às vezes, meu silêncio fala por si. Prefiro ficar quieta do que explicar os meus problemas a pessoas que não se importam.
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Não chego na frente do espelho e pergunto se há alguém mais bonita do que eu. É claro que existe. Mas e daí? Tem quem me ame do jeito que eu sou.
    Prefira Borboletas (Mariana Lobo)
    Histórias de amor são como borboletas: você consegue ver, pode até tocar, mas se você tentar guardar uma pra você ela simplesmente morre. Tem que saber admirar de longe
    Nuno Boggiss
    Deveríamos ser como borboletas,
    e ter a coragem de enfrentar
    a metamorfose da vida,
    para sermos livres.
    Patty Vicensotti
    “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas.”
    O pequeno Príncipe

    terça-feira, 11 de dezembro de 2012

    O JUIZ DEVE OUVIR TESTEMUNHA QUE NÃO PORTA DOCUMENTO?

    INDEFERIR TESTEMUNHA POR FALTA DE DOCUMENTO É CERCEAMENTO DE DEFESA   
    (Seg, 10 Dez 2012, 17h25)
    A empresa alagoana R W Teixeira de Omena – Supermercado São Paulo conseguiu demonstrar à Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que teve a defesa cerceada na ação movida contra ela por um empregado que alegava ter sido dispensado sem justa causa. O motivo foi o fato de o juiz de primeiro grau ter indeferido a oitiva de uma testemunha da empresa que não portava documento de identificação civil. No entendimento do magistrado, o documento era necessário para identificação da prova oral na ata de instrução do processo.
    Insatisfeita, a empresa recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (AL), sustentando que a testemunha poderia esclarecer sobre a verdade dos fatos, uma vez que o empregado afirmava que havia sido despedido sem justa causa, enquanto que, na versão da empresa, ele estava apenas afastado para apuração de falta grave. Assim, pediu o retorno dos autos à vara do trabalho para a reabertura da instrução processual e novo julgamento. O Tribunal Regional negou provimento ao recurso e manteve a sentença.
    Jurisprudência
    Em recurso ao TST, a empresa insistiu na alegação de cerceamento de defesa, "o que por certo atentou contra o princípio constitucional da ampla defesa", alegou. Ao examinar o recurso na Primeira Turma, o relator ministro Hugo Carlos Scheuermann informou que a jurisprudência do TST tem se firmado no sentido de que "a exigência da apresentação de documento de identificação civil para que a testemunha possa ser ouvida acarreta cerceamento de defesa, na medida em que inexiste preceito de lei a amparar tal obrigação".
    Segundo o relator, o artigo 828, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que as informações que qualificam a testemunha devem ser apresentadas por ela mesma. Não se pode inferir dessa lei que "a testemunha deva apresentar documento oficial de identificação para que essas informações sejam colhidas pelo serventuário ou pelo Juiz", esclareceu.
    Assim, o relator deu provimento ao recurso para determinar o retorno do processo à vara do trabalho para que reabra a instrução processual, a fim de que seja ouvida a testemunha apresentada pela empresa. Seu voto foi seguido por unanimidade.
    (Mário Correia/MB)
    TURMA

    segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

    HÁ DUAS FORMAS DE VIVER A VIDA, Fernando Pessoa

     HÁ DUAS FORMAS DE VIVER A VIDA, Fernando Pessoa
    Há duas formas para viver a sua vida:
    Uma é acreditar que não existe milagre.
    A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.
    Fernando Pessoa..........................................................................................
    Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
    Que já têm a forma do nosso corpo ...
    E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
    mesmos lugares ...
    Fernando Pessoa
    .........................................................
    É o tempo da travessia ...
    E se não ousarmos fazê-la ...
    Teremos ficado ... para sempre ...
    À margem de nós mesmos...
    ..........................................
    AUTOPSICOGRAFIA
    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.

    E assim nas calhas da roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama o coração

    sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

    PETRARCA É MATRIZ - CAMÕES E OS DEMAIS FILIAIS

    PETRARCA É MATRIZ - CAMÕES E OS DEMAIS FILIAIS

    Acabo de ler "O Cancioneiro de Petrarca", com tradução, introdução e notas de Jamil Almansur Haddad.
     
    Descubro que os grandes poetas portugueses: Francisco Sá  Miranda, Antonio Ferreira, Luiz de Camões que tanto nos encatam, abeberam-se em Francesco Petrarca, poeta italiano que viveu na transição da Idade Média para o Renascimento.
     
    Sá Mirando foi à Itália e conviveu com Petrarca e com ele aprendeu a teorizar sobre o amor e cantá-lo em versos. Petrarca, segundo Jamil, deixou não apenas o legado da forma lírica de cantar o amor - o soneto -, mas transmitiu-nos o seu conteúdo e essencia, deu-lhe espírito, uma concepção filosófica do amor, como ideal feminino. Foi capaz de divinizar a mulher e conciliar o ético e o erótico, o sagrado e o profano.
     
    Teófilo Braga, ensina que o lirismo chegara a Portugal, como irradiação da doce península itálica. A poesia lírica portuguesa é rebento das entranhas da Itália, é leite mamado nos seus peitos divinos. Glória, pois, à Itália jovem e eterna, mas de doçura, deus prolífica, manancial inexauto da inefável poesia cujos acentos de dor e acalanto ela fez estremecer Portugal em poetas que a princípio se chamara Sá Miranda, Antonio Ferreira e Luiz de Camões. Na verdade, irradiou-se por todos os rincões onde se fala a língua de Don Diniz.
     
    Assim, por via transversas, sem Petrarca não teríamos Camões, nem Bernardo Guimarães, nem Vinicius, nem Drumond
     
    Petrarca, teve por musa Laura. Loura, de face cor de neve, de cabelos cacheados, olhos claros, rosto oval e muito bonito. Só que a conheceu casada. Os poetas românticos tinham paixões inatingíves. Na Idade Média, essas paixões direcionavam-se às mulheres casadas. Não se sabe se conviveu com Laura. Não se sabe se foi amor platônico ou carnal. A verdade é que a amou por vinte anos e depois que ela morre, sofreu por esse amor, mais vinte anos. Daí, toda a sua inspiração e a construção da teoriazação do amor, como sofrimento. É dessa época em diante que a poesia se ocupa do amor frustrado, não do amor realizado ou da felicidade no amor. Se ocupa até hoje (inclusive em letras de músicas populares) do amor que causa dor, sofrimento e tristeza e até a morte.
     
    Veja este poema acerca da morte de Laura, como se ela pudesse reaparecer:
     
    Morte, a mais bela face descoraste
    E a vista mais formosa escureceste.
    Mais sublimado espírito escolheste
    E do corpo mais belo separaste.
     
    Num momento o meu bem todo roubaste,
    E o acento mais emoldurado emudeceste.
    Quando eu vejo ou escuto é rude e agreste,
    E cheio de lamento me deixaste.
     
    Oh, torna a consolar tamanha dor,
    Clara dama. E a piedade a reconduz
    À alma que só por ela vive e espera
     
    E se como ela fala ou como luz,
    Dizer pudesse, acendera eu de amor,
    Quanto peito existir de homem ou de fera.

    sábado, 24 de novembro de 2012

    VELHICE FEMININA, autor anônimo.

    VELHICE FEMININA 
    Peço a compreensão das amigas politicamente corretas e a contribuição das cínicas inveteradas, como eu.
    Desculpem, gostaria de ser uma doce setentona convencida de que a velhice é um estado de espírito mas a vida me prova o contrário.
    Para não ficar uma velha “sem noção” 
     acho bom ler e levar a sério, principalmente as coisas abaixo que parecem mais desagradáveis.
     
    1-    Aceite a velhice, recuse metáforas. Terceira idade, melhor idade é p*#@**q*#@*#riu!!!.  Ser velha não é crime, é apenas constrangedor
    2-    Viva com inteligência o tempo de vida útil que lhe resta. Viva a sua vida, não a dos seus filhos, netos e/ou marido . Tenha seus próprios interesses e projetos.
    3-    Coma menos, beba menos e fale menos. Velhas magras, sóbrias e contemplativas são menos doentes e chatas.
    4-    Poupe seus familiares e amigos ( para aquelas que ainda tem alguns ) de conversas sobre o passado, doenças e dinheiro. Estes assuntos devem ser tratados, só e somente só, com seu psicoterapeuta.
    5-    Não aborreça ninguém com os relatórios das suas viagens. As viagens de velhas são interessantes só pra elas mesmas. Aprenda a ser  concisa, comente apenas o destino e a duração da viagem. Se por algum milagre, alguém perguntar mais alguma coisa, procure responder com monossílabos.
    6-    Escolha um bom médico. Ele sim, vai ser seu pai, irmão, marido e amigo querido. Não se automedique. Não há nada mais irritante do que velha metida a curandeira.
    7-    Não arrisque cirurgias plásticas rejuvenescedoras. A chance de ficar mais feia é altíssima e a de ficar mais jovem é baixíssima.
    8-    Use seu dinheiro com critério. Gaste em coisas importantes e evite economizar demais. Para que deixar herança para noras e genros que mal lhe aturam ou sobrinhos e netos que mal lhe conhecem?
    9-    Velhice não nos dá o direito de ser mal educadas. Nada de falar de boca cheia, emitir sons e odores indesejáveis, cutucar dentes, etc. Atenção redobrada  Casca grossa só piora depois de senil.
    10-Faça uma guerra sem descanso aos farelos que insistem em se alojar nos cantos da sua boca (nos velhos, eles preferem o queixo). Você notou que tem sempre um filho de plantão passando um guardanapo na boca das mães velhas?!!
    11- Só masque chiclete na ausência de testemunhas. Não corra o risco de acharem que você já está ruminando ou falando sozinha.
    12- Pense muitas vezes antes de se aposentar. Trabalhar tem muitas vantagens, além do dinheiro. A principal delas é para sua família: são seus colegas de trabalho que vão ter que lhe aguentar a maior parte do tempo.
    13- Cuidado com a nostalgia e o otimismo. Velhas tristes são chatíssimas. Velhas alegres demais,são também chatíssimas. Fora de época, é você. Não tenha certeza de que vai ser uma companhia agradável em acampamentos, raves e shows de rock. Um ataque cardíaco pode acabar com a festa de todo mundo.
    14- Se for mística, esotérica ou engajada na juventude, controle-se. As pessoas lhe aguentavam  no passado, agora,   suas pregações são torturas.
    15- Leia muito. Ainda há tempo para gostar de aprender. Velhice pode trazer experiência, não sabedoria. Ter um livro sempre à mão também serve para o caso de sua surdez não permitir acompanhar a conversa. Todos vão adorar não ter que repetir aos gritos  alguma conversa. 
    16-Tenha o máximo de cuidado com a higiene. Velha fedida é duro de aguentar. Ah, cheirando a perfume francês vencido, também.
    17- Não acredite nas colegas otimistas que dizem que não tem nada demais em usar minissaias, fio dental, figurinos sadomasoquistas ou decotes provocantes. Tem sim, eles provocam atentado à estética e risos , também.
    18- Cuidado com a maquiagem. Já notou que velhas vão ficando parecidas com velhos e ambos com travestis? Maquiagem pesada só serve para reforçar a personagem.
    19- Seja avó do seus netos, não mãe ou babá. Por isso nem pense em educá-los ou em comprometer seu tempo com as tarefas chatas de ir buscar na escola, festinhas, natação, inglês, etc mil vezes. . Não tenha remorso, por mais que você se esforce nunca vai conseguir agradar todo mundo.
    20- Se alguém perguntar como vão seus netos,  não precisa contar tuuuuuuuudo! Evite discorrer sobre sua (deles, óbvio!!) inteligência excepcional, beleza rara, fantásticas habilidades esportivas e genialidade com a tecnologia. Lamento informar que todos os netos são iguais
    21- Não seja uma sogra chata, gratuitamente. Só se tiver um bom motivo. Lembre-se de como era a sua ( ou as suas) e passe a limpo.
    Agora que você já sacou que não tem como mudar seu marido, cuidado para não apontar as armas para as noras e genros. Falar mal deles é deplorável. Se tiver genro, dê sempre razão a ele, se sua filha for um pé no saco. ...
     
    22- Nunca, nunca, nunca mesmo, visite seus filhos sem que seja convidada.
    24- Cuidado ao atender o telefone. Se responder  “Estou levando a vida como Deus quer”, quando lhe perguntarem “Como vai”, isto pode provocar um problema irreversível na sua linha telefônica, ela pode ficar muda por semanas. Você vai ver que as ligações dos amigos e filhos vão rarear, cada vez mais. E se quiser que a linha dê um “tilt” para sempre, pode responder aos seus filhos com a simpática frase: “Ah, lembrou que tem mãe?”. 
    Esta lista pode ser usada como teste (mulheres adoram testes) para saber seu grau de “sem-noçãozice”.  Ela pode ser usada também como corrente. Mande para   10 mulheres  de sua idade. Mas cuidado
     
     porque velha decrépita é alvo fácil até para corrente imbecil.
    Salvem o planeta e passem adiante!
    (Anônimo)

    terça-feira, 13 de novembro de 2012

    ELIANA BRUM - MEMÓRIA É TANTO LEMBRAR QUANTO ESQUECER

    Memória é tanto lembrar quanto esquecer

    Em um belo filme sobre a condição humana, um velho descobre-se diante de um dilema que dirá quem ele é e como ama. A escolha que o desafia é também a que nos provoca a cada dia de nossa vida

    ELIANE BRUM - Revista Época


    Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)
     
     
    Na primeira vez em que assisti à E se vivêssemos todos juntos?, pensei, ao sair do cinema com os olhos mareados e a alma apertada no corpo como uma calça jeans dois números menor: queria tanto escrever sobre esse filme, mas o melhor que posso escrever é só um verbo, conjugado no imperativo, seguido de um ponto de exclamação: “Assistam!”. E escrevi exatamente isso no twitter. Em geral, é o melhor que podemos dizer sobre os filmes de que gostamos, assim como “leiam!” para os livros que nos tornaram outros depois da última página. Mas continuei desassossegada e vi o filme uma segunda vez. Percebi que precisava escrever um pouco mais.

    E se vivêssemos todos juntos? (Stéphane Robelin – França/Alemanha) é um filme sobre os últimos anos de quem, graças ao aumento da expectativa de vida, passou dos 70 e poucos. Como disse Jeanne, a personagem de Jane Fonda, ao seguir a ambulância que carregava seu marido para o hospital depois de uma queda: “A gente planeja tudo, mas nunca pensa no que fazer nos últimos anos da vida”. É disso que se trata. O filme fala de algo que precisamos falar mais: sobre envelhecer neste mundo, nesta época. Precisamos falar mais porque a maioria de nós vai viver esse momento. Não é fácil vivê-lo – é uma sorte vivê-lo.
     
    Começamos a nos preparar, como invoca Jeanne, quando nos arriscamos a pensar sobre aquilo que nos inquieta ou inquietará – ou inquieta ou inquietará aqueles que amamos. O cinema já descobriu essa necessidade e, só neste ano, chegaram ao Brasil pelo menos dois filmes que falam explicitamente sobre envelhecer: O exótico Hotel Marigold (John Madden, Reino Unido), que poderia ser bem melhor do que é, e “E se vivêssemos todos juntos?”.
     
    Neste, um grupo de velhos decide viver na mesma casa para enfrentar aquilo que os inquieta – e seguidamente os ameaça. A iniciativa é de um deles, Jean (Guy Bedos), um homem que passou a vida engajado em causas coletivas contra as injustiças sofridas pelos mais fracos. Impedido de seguir para a próxima missão em algum país pobre e distante, porque o seguro se recusa a cobrir gente da sua idade, ele aos poucos descobre que tem uma causa bem perto dele pela qual lutar, que é também uma causa de desamparo. 
     
    E se vivêssemos todos juntos? não é um filme para velhos – mas para todos que se interessam pela condição humana. No roteiro, aliás, aqueles que aparecem no lugar de “filhos”, ora perplexos, às vezes distantes, em outras arrogantes na sua certeza sobre o que é melhor para os pais – perdidos sempre – parecem precisar muito assistir a um filme como este. 
     
    O filme, que já é muito, muito bonito mesmo, fica ainda melhor com a interpretação impecável de grandes atores, todos eles velhos e, portanto, mais experientes do que nunca. Todos menos um: o único jovem protagonista é o ótimo Daniel Brühl, por quem nos apaixonamos em “Adeus, Lenin”, e que tem no enredo um lugar muito particular. Ele é um estrangeiro não só por ser um alemão na França, mas por ser um jovem em território de velhos: estrangeiro porque só estranhando é possível enxergar. Vale a pena alertar ainda que, ao contrário do que anuncia a classificação, “E se vivêssemos todos juntos?” não é uma comédia.

    Como já escrevi aqui, eu não chamo velhos de idosos nem velhice de terceira idade ou – argh – melhor idade. Assisti ao filme pela primeira vez na companhia de parte de um grupo de amigos com os quais tenho um pacto desde os 30 e poucos anos: ao envelhecer, moraremos todos juntos em um condomínio que um de nós já batizou, ironicamente, de “O Ocaso Feliz”. Já acertamos mais ou menos a arquitetura, na qual cada casa terá entradas independentes e fundos para um espaço coletivo, de maneira que, se quisermos ficar sozinhos, basta simplesmente passar a chave na porta dos fundos e botar uma placa de “não perturbe”. Mas não conseguimos nos acertar sobre qual cidade – pequena, perto de uma grande – escolheremos para nossos últimos anos. Ao deixar a sala de cinema, tomamos um espumante antes de nos separarmos. Na segunda vez, assisti ao filme com o homem que eu amo e em quem pretendo abotoar casacos de lã na velhice. Quero muito um velho companheiro com casacos de lã abotoados. E espero viver para isso. Quando o filme terminou, choramos abraçados.)
    Feita essa antessala, preciso dizer o seguinte: se você não viu o filme e pretende vê-lo, pare por aqui. Embora o que quero dizer use o filme apenas como ponto de partida, não é possível escrever sem contar bastante sobre ele, mais do que qualquer comentário educado permitiria. Há quem não se importe. Pessoalmente, acho que é sempre (muito) melhor ir ao cinema no escuro. Se quiser, volte ao texto depois – e, como estímulo a uma visita à tela grande, coloco o trailer aqui
     
    Para quem continua comigo: entre as tantas possibilidades de reflexão propostas por esse filme, há uma que me comove mais. Ela fala de memória – e de algo muito importante: memória não é apenas lembrar, é também esquecer. 
     
    No filme, Albert (Pierre Richard) luta contra a perda da memória. Ele não sabe se já levou o cachorro para passear ou não. “Se eu não o tivesse levado, ele estaria reclamando, não?”, indaga-se.

    Para lembrar os acontecimentos recentes, que o cérebro já não registra, Albert usa a palavra escrita. Escreve um diário sentado na poltrona do apartamento que divide com a mulher, estrategicamente postado ao lado de uma janela que dá para os fundos de uma escola infantil. É com um olho no caderno e o outro na janela, na qual espera, com evidente alegria, as crianças saírem para brincar, que ele relata o sabor do vinho que tomou com os amigos, o cardápio do jantar e aquilo que precisa lembrar quando já tiver esquecido no dia seguinte. O diário, a narrativa da vida pela palavra escrita, é o fio que orienta Albert pelos labirintos de um cotidiano no qual o cérebro falha em lembrar do ontem e até mesmo de alguns minutos antes.
     
    A velhice, para Albert, se manifesta primeiro por esses lapsos de memória. Mas logo ele terá de lidar com um dilema mais profundo: o que lembrar, o que esquecer. Sua mulher, Jeanne (Jane Fonda), de quem já falamos lá no início, teve câncer. No começo do filme, testemunhamos quando ela abre os exames na cozinha e descobre que a doença segue com ela e que não terá muito mais tempo de vida. Quanto tempo, nem ela nem ninguém pode saber.
     
    Jeanne toma uma decisão ao rasgar os exames e enfiar os pedaços na lata de lixo. Escolhe, por amor, não contar a Albert da sua condição. Diz a ele que está curada. Quer viver seus últimos dias, semanas, meses sem que ele seja assombrado por sua morte. Sente-se assim menos assombrada por ela – e mais livre para planejar seu enterro, por exemplo, mais livre para escolher o pouco que pode escolher
     
    Mas, num dia em que Albert está sozinho em casa, o médico bate na porta à procura de Jeanne, que tinha se recusado a fazer a cirurgia proposta e sumido do consultório. Albert descobre naquele momento: 1) que a mulher vai morrer de câncer; 2) que ela decidiu não compartilhar essa informação com ele. É isso que ele registra em seu diário. E mais um pouco: “É um direito dela (viver sem lhe contar que em breve morrerá de câncer)”. No dia seguinte, enquanto espia ansioso pela janela se as crianças já estão vindo para o recreio, ele lê esse trecho no diário e tem um sobressalto.

    Mais adiante, Albert e Jeanne já estão vivendo em comunidade quando ele abre – por engano? – o baú que pertence ao seu amigo Claude (Claude Rich). Já não há mais uma janela por onde espiar crianças brincando, mas há outras paisagens humanas e sentimentais. Albert sente-se desterrado, agora não apenas de sua memória, mas também de sua geografia física, na nova casa. Mas o que relembra todos os dias ao ler o diário faz com que compreenda que é preciso encontrar outros parceiros para encerrar a vida. Não os desconhecidos de um asilo de velhos, mas amigos de uma vida inteira. Gente capaz de reconhecer a geografia que é ele.

     
    Claude é um fotógrafo solteirão e sedutor, o número ímpar da pequena comunidade. E Albert lê cartas destinadas a Claude, nas quais descobre que tanto Annie (Geraldine Chaplin) quanto Jeanne tiveram tórridos casos extraconjugais com o melhor amigo, 40 anos atrás. Albert registra sua descoberta na carta ininterrupta que escreve para si mesmo. E, ao reler o diário a cada manhã, relembra a traição que pode colocar em risco o delicado equilíbrio daquela comunidade construída sobre afeto, solidariedade e a necessidade de unir forças contra um mundo hostil à velhice. 
     
    Albert depara-se com uma questão muito mais profunda do que os esquecimentos involuntários causados pela velhice. Ele precisa agora enfrentar a memória como escolha. A cada manhã, ele sobressalta-se primeiro com a notícia de que a mulher tem um câncer que a levará à morte próxima. Em seguida, com a descoberta de que ela o traiu com o melhor amigo 40 anos atrás. O que fazer agora que a velhice lhe deu a possibilidade de escolher o que lembrar e o que esquecer?
     
    A escolha de Albert é um ato completo de amor. Ele decide sofrer a cada dia – e dia após dia – o impacto da notícia de que Jeanne tem um câncer e que vai morrer em breve. Apesar de ser talvez a notícia mais brutal de uma existência inteira, é a forma que ele encontra de estar com ela, de não deixá-la sozinha nesse momento, de viver essa dor junto com a mulher que ama, mesmo que ela nunca saiba disso. Escolher lembrar quando podia simplesmente esquecer é a forma que Albert encontra de amar Jeanne mais e melhor – até o fim.
     
    Se escolhe lembrar a doença e a morte de Jeanne, Albert escolhe esquecer a traição de Jeanne. Depois de dar muitas voltas na casa e em si mesmo, ele rasga a página do diário na qual relata a descoberta, a amassa e a guarda no bolso. Antes, porém, conta a Jean que ele também tinha sido traído pela própria mulher e pelo melhor amigo. Assim, Albert lega a Jean uma memória que o amigo pode superar, mas não esquecer. Albert pode ter feito isso tanto por sentimento de lealdade quanto pelo sentimento de vingança, na medida em que o temperamento explosivo de Jean é bem conhecido. Ou ainda por acreditar que Jean tem o direito de decidir por si mesmo como quer lidar com essa memória. Mas ele, Albert, escolhe esquecer. E este, ainda que de uma forma mais tortuosa, é um ato de amor tanto pela mulher quanto pelo amigo.
     
    Viver, não apenas para os velhos, é uma constante escolha entre o que lembrar e o que esquecer. Ainda que para isso a maioria de nós tenha de travar um embate feroz com seus fantasmas antes de conseguir arrancar uma página espinhosa. Alguns envenenam a própria vida ao fixar-se numa lembrança mais letal que cianureto, condenando-se a um eterno presente congelado, o que é um tipo de morte. E outros perdem essa mesma vida ao transformá-la na fuga incessante de algo que só poderão esquecer se primeiro tiverem lembrado e enfrentado como lembrança.
     
    Ainda que nossas escolhas em torno da memória sejam não mais difíceis do que a de Albert, mas seguramente mais demoradas, nossa existência é determinada por elas. Tanto na esfera pessoal quanto na pública. É uma escolha na esfera pública a decisão de o que fazer com a memória que está em jogo na Comissão Nacional da Verdade, por exemplo, ao apurar os crimes da ditadura. E nesta, em minha opinião, é preciso lembrar – com todas as consequências implicadas nesse gesto – para que o país possa seguir adiante.
     
    Assim como é uma escolha na esfera pessoal o lugar e o tamanho que cada um dá a uma determinada experiência nos muitos mal entendidos entre pais e filhos. É por preferir seguir lembrando uma ausência, uma humilhação ou um equívoco, dia após dia como se fosse o primeiro, em vez de lidar, transformar em marca e então esquecer – ou pelo menos dar à experiência um lugar e um tamanho mais compatíveis com o movimento da vida – que muitos chegam ao amanhã apenas no calendário, mas morrem com as unhas cravadas no ontem

    Como nos mostra Albert, escolher o que lembrar e o que esquecer é também um ato de amor. E nunca é um ato fácil, como não é fácil o amor.
     

    É também um ato de amor a magistral cena final desse filme. E esta eu não vou contar mesmo para quem já viu. Nela, Albert faz, mais uma vez, uma escolha profunda em torno da memória. E são os amigos que provam saber amar ao não apenas acolherem, mas embarcarem na sua escolha. Fazem isso porque compreendem que a vida contém proporções talvez equivalentes de realidade e de delírio, mesmo quando a gente finge não saber disso. E que amar é, às vezes, lembrar de esquecer.
    Eliane Brum escreve às segundas-feiras.
     


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      Nascer e aprender freneticamente a dar sentido à vida. Viver namorando o imaginário, o intangível, a esperança, buscando o tal sentido da vida. Envelhecer descobrindo que este sentido é individual e intransferível e, curioso, ainda tentar imaginar qual será o sentido da vida do outro. Como será? Nossa, que dúvida atroz! Afinal, descobrir perto da morte que perdeu muitos passos bons ou ruins, não importa, ao tentar racionalizar o que não tem sentido. O verbo é perder. Perder-se na vida, perder-se de amor, em paz, e só.
    • Célio Ferreira Facó
      Funes o Memorioso é o conto de Jorge Luís Borges para provar que o esquecimento é tão necessário quanto a memória. Memória infalível seria um flagelo insuportável. Lúcida análise de Eliane Brum.
    • Homem Selvagem
      Eu quero a morte matada, morte danada, morte estrangulado, mas não espero terminar os dias ao lado de ninguém, pois bastou nisso o começo da vida de todos. Nem no outro mundo por mais afeiçoado que tiver sido na terra gostaria necessariamente de encontrar as pessoas já conhecidas.
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