segunda-feira, 5 de maio de 2014

PODER JUDICIÁRIO SERÁ O PRÓXIMO ALVO DAS MANIFESTAÇÕES

Acredito que essa afirmação do sociólogo por certo terá como motivação ou causas questões diversas daquelas que provocaram as manifestações populares de rua até agora. O Judiciário é o menos afetado por corrupção e o mais vigiado e controlado dos poderes da república.

O fator grave do judiciário é a demora dos processos. Isso tem dois lados:
a) todos querem processos rápidos, se postulam tem crédito ou condenação de alguém (veja o caso Collor - a prescrição de um processo em andamento , salvou-o!);
b) ninguém quer processo rápido com decisões em séries ou seja "produção" de decisões, sem exame profundo das questões debatidas e, principalmente, se for réu no processo.

É ver e esperar para ver o que virá das manifestações populares.

José A. Pancotti
 

"Poder Judiciário será o próximo alvo das manifestações"

O Poder Judiciário contemporâneo brasileiro é o guardião da democracia e isso é de uma magnitude absurda.” Essa é a visão do sociólogo e pesquisador Marcelo Burgos, que proferiu a conferência “Nós, os juízes, vistos por ela, a sociedade”, no penúltimo dia do 17º Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Conamat). O evento aconteceu entre os dias 29 de abril e 2 de maio, simultaneamente ao 4º Encontro Nacional de Magistrados do Trabalho Aposentados, em Gramado, na Serra gaúcha.
O doutor em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro afirmou que as recentes manifestações populares no Brasil revelaram a falta de confiança dos cidadãos quanto à representação política nos Poderes Executivo e Legislativo. “A sociedade se voltou contra as instituições cuja legitimidade está lastreada no voto. Esse movimento atingirá, cedo ou tarde, o Poder Judiciário diante da atual hipertrofia da judicialização no país”, alertou.
De acordo com o professor, a Constituição de 1988 alçou o Judiciário ao centro da política pública. “É indelével a sua contribuição na construção da ordem do Estado brasileiro, mas de algum modo sempre esteve mais comprometido com o controle, não exatamente com a defesa dos direitos do cidadão. A Carta Magna inova e, de forma singular, impõe ao Judiciário o cargo de protagonista”, avaliou.
O sociólogo disse que, no início dos anos 1990, houve um crescimento de Ações Diretas de Inconstitucionalidade, dos Juizados Especiais e das Ações Civis Públicas. A seu ver, a sociedade apropriou-se desses mecanismos para se defender da brutalidade do mercado, do vizinho e do empregador.
No seu entendimento, os brasileiros viram na judicialização um escoadouro para suas demandas. “O Judiciário é chamado a decidir em esferas políticas para corrigir ou substituir o Executivo e o Legislativo. Esse fardo é pesado demais, e todo o magistrado o sente no seu cotidiano. Diante disso, somos impelidos a pensar sobre o papel da magistratura como guardiã das promessas da democracia”, ressaltou.
Por fim, Burgos alertou que há um mal-estar crescente na sociedade brasileira em relação ao caminho de levar o Poder Judiciário a assumir as responsabilidades do Executivo e do Legislativo. “De algum, modo oferecemos esse caminho que, de certa forma, se mostrou promissor. Na atual conjuntura, me parece que devemos voltar aos fundamentos da comunidade imaginada em 1988 e procurar fortalecer a representação política. Esse peso não deve ser do Judiciário”, concluiu. (Com informações da Assessoria de Imprensa do XVII Conamat.)

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