REFLEXÕES ACERCA DA BIOGRAFIA DE
JANGO (JOÃO GOULART)
A biografia
de “João Goulart” foi escrita por Jorge Ferreira, Ed. Civilização Brasileira.
O período
de Jango à frente Ministério do Trabalho foi só populismo!
É muito
semelhante ao momento político-sindical que estamos vivendo, depois que o PT
assumiu o Governo Federal, embora o atual cenário econômico, político e social
seja muito diferente (melhor!).
Ainda não li a obra toda, mas os capítulos “Ministro do Povo” e “Época de Crises” comprovam uma semelhança de que já suspeitava: estaríamos revivendo a história do período pré golpe militar 1964?
Para ser
igual, só falta alguns ingredientes fortes da época: a “guerra fria”. Não é só este, porém.
O ambiente
sindical no período de Jango foi de aliança do Ministro com os dirigentes
sindicais mais comprometidos com as efetivas lutas dos trabalhadores, em
detrimento dos pelegos do getulismo (ele limpou esses pelegos dos sindicatos, segundo
o livro) foi importante. No entanto, estavam
comprometidos com as propostas do Ministro Jango (isto é, faziam parte das
decisões políticas do governo Vargas, no período de 1953-1954!)
Jango, no
entanto, era adepto da unicidade sindical (antidemocrática, portanto) e partiu
para o confronto com os empresários. Estes não tinham tradição em negociação
coletiva com as representações dos seus empregados. No período do peleguismo
Getulista (Ditadura Vargas), nem se cogitavam, porque as representações
sindicais eram comprometidas com o Governo e não tinha representatividade legítima.
Era muito
semelhante às primeiras mesas redondas que participei da FETAESP com os usineiros
e industriais da laranja, na década de 1980, pois, duvidavam da legitimidade
das representações e achavam perda de tempo aqueles longas negociações. Só
depois de muitas greves no setor rural (Guariba-1982) se convenceram da
utilidade da negociação, como forma de pacificar as relações de trabalho.
Almir
Pazzianoto Pinto, então, Secretário de Relações de Trabalho do Estado de São
Paulo, Governo Montoro, teve papel importante nesse convencimento.
O quadro
é exatamente o mesmo, pois, só no período do Jango, os empresários se negavam a
sentar à mesa com os Sindicatos. Jango inaugura um período de tentativa de remover
essas resistência e enfrentarem as negociações. As greves levaram a isso.
Faltou,
porém, ao Ministro Jango comedimento e habilidade à frente do Ministério.
Pior, não
ouvir os empresários ou, sei lá, talvez não fosse ouvido por eles, porque os
Ministros do Trabalho que o antecederam eram defensores das empresas. Jango, ao
contrário, postou-se na defesa dos trabalhadores. Tanto que caiu no início de
1954.
Embora dissesse que: “Se ajudei o operariado na luta pelos seus direitos, não deixei, paralelamente, de apontar-lhe os seus deveres”, como se sua proposta política convergisse para pacto social, em nenhum momento é revelada na sua biografia.
Embora dissesse que: “Se ajudei o operariado na luta pelos seus direitos, não deixei, paralelamente, de apontar-lhe os seus deveres”, como se sua proposta política convergisse para pacto social, em nenhum momento é revelada na sua biografia.
Não se pode esquecer que foi uma época do alvorecer da industrialização no Brasil. Na verdade, não havia uma mentalidade empresarial arejada. Oque existam eram "capitães de indústria", oriundos de uma burguesia rural, cuja maior experiência foi o trabalho escravo.
O
ambiente de guerra fria era o lado político, mas serviu muito bem de escudo da
ambição de um capitalismo selvagem.
A CLT (de
1943), que incorporava princípios, ideias e orientações da OIT. Entretanto,
ainda não se efetivara de fato, pois, ninguém ainda respeitava as suas regras.
Era como não se existisse a limitação de jornada, intervalos para
descansos compatíveis com um ambiente de trabalho sadio e adequado à preservação
da saúde física e mental do trabalhador.
Enfim, as
proposições de direitos humanos nas relações de trabalho, como o respeito à
dignidade da pessoa humana, um tratamento ao trabalhador como cidadão, não como
uma peça na linha de produção.
Afinal,
havia só cinco anos que se proclamara a Declaração Universal dos Direitos do
Homem (1948). No entanto, desde 1919 a OIT já incorporava na sua Carta de
Constituição noções de direitos fundamentais, ou direitos humanos.
Curioso
que Jango se afastou do Ministério. Deixou lá um “laranja” (O seu Secretário
Geral, um técnico muito bem preparado, virou ministro interino, mas gozava de
confiança dos militares e da direita). Assim, continuou fazendo a mesma
política trabalhista de Jango, com este agindo por baixo do pano e os
empresários não se rebelavam.
Os desdobramentos da atuação de Jango tem muita de semelhança com o quadro atual da política sindical brasileira. Os sindicatos próximos ao poder, a inflação, a perda do poder aquisitivo dos salários e, consequentemente, as greves, as manifestações populares.
Os desdobramentos da atuação de Jango tem muita de semelhança com o quadro atual da política sindical brasileira. Os sindicatos próximos ao poder, a inflação, a perda do poder aquisitivo dos salários e, consequentemente, as greves, as manifestações populares.
As
violências dos Black Blocs, de hoje, já existia, mas liderada por sindicatos,
ou facções sindicais mais violentas.
O
discurso democrático era para justificar o confronto e a truculência.
Tenho
certeza que a história não se repetirá, porque hoje há um pacto social
lastreado na Constituição Federal moderna cujos princípios e valores já se
incorporaram à sociedade brasileira.
Assusta
um pouco o Decreto da Presidente Dilma estruturando os “Cominters” do PT.
A dúvida que suscita é se esse tal decreto foi
pensado em consequência da nossa avacalhada representação política no Congresso
(banca de negócios pessoais de parlamentares), ou se é, na verdade, a
instrumentalização do partido para que governa o País, para se perpetuar no
poder.
José A.
Pancotti
Nenhum comentário:
Postar um comentário