quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O ERRO DA CONAB - PREJUÍZO DE 400 MILHÕES DE DÓLARES PARA CITRICULTORES NO BRASIL

Vejam o que faz a incompetência e do Governo Dilma, quando prejuízo aos citricultores no Brasil.

O erro que derrubou a cotação mundial do suco de laranja

Um cálculo superestimado da safra, feito pelo Governo brasileiro, causou um prejuízo de 400 milhões de dólares para o setor

 


Pomar de laranjas no Estado de São Paulo. / Citrus BR
O suco de laranja é uma commodity e como tal tem seu preço definido pela Bolsa de Valores. Entre os meses de maio e novembro deste ano, suas cotações na Bolsa de Nova York, a referência para o produto, caíram de 1500 dólares por tonelada de suco concentrado e congelado para 1200 dólares.
 
O motivo foi a previsão de safra de laranja divulgada em maio pela Conab, realizada em parceria com o Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA), que apontou uma produção de 340 milhões de caixas.
 
A expectativa de uma grande oferta em 2013, somada ao fato de que no ano de 2012 a produção tinha tão sido grande que os estoques brasileiros conseguiam sozinhos abastecer o mercado mundial durante 35 semanas, reduziu as possibilidades de negociação dos produtores e processadores de suco brasileiros com os compradores internacionais – a União Europeia compra 70% do suco de laranja brasileiro.
 
“Na cabeça do comprador internacional a situação era: seus estoques estão altos, a demanda mundial está caindo por causa da concorrência com as bebidas energéticas e o chamado néctar e o governo brasileiro prevê mais uma grande safra. Ou seja, seu produto vale não tanto”, afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.
 
De acordo com ele, há um bom relacionamento entre o setor e o governo e a previsão equivocada foi ruim para os dois lados. “Sabemos que não foi algo intencional, mas é preciso ter mais cuidado”, diz ele.
 
A ‘mancada’ da Conab fica pior ainda se é levada em consideração a pauta de exportações brasileiras, que conta com uma fatia de 70% relacionada a commodities, ou seja, matérias-primas, como minério de ferro, soja e suco de laranja. Até novembro, o saldo da balança comercial pendia para o lado positivo por apenas 89 milhões de dólares.
 
Neste mês, a Conab revisou sua previsão, aproximando-a à que a CitrusBR mantinha desde o mês de maio, de 268 milhões de caixas.
 
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação dos Exportadores do Brasil (AEB), em médio prazo, a falha deve desestimular o plantio, levando os produtores a buscar cultivos mais atraentes.
 
“É difícil imaginar que alguém queira investir um tostão na produção de laranja diante deste cenário”, afirmou.
 
E essa é uma tendência que já está em formação: dados da Conab indicam que, de junho de 2010 até dezembro de 2013, 38% dos citricultores haviam abandonado seus pomares.
 
De acordo com Marco Antonio dos Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura, o ministro da Agricultura, Antônio Eustáquio Andrade Ferreira, se encontrou com representantes da cadeia citrícola para discutir o levantamento de safra.
 
“Tivemos uma primeira reunião em que propusemos a possibilidade de um levantamento realizado por uma empresa privada, mas não conseguimos agendar uma segunda reunião”, disse ele.
 
A Conab, por sua vez, se defendeu por meio de uma extensa nota enviada ao EL PAÍS. Nela, diz que: “seus levantamentos mostram um retrato das condições de plantio no momento da coleta das informações".
Na sequência, a Conab afirma que as duas reduções subsequentes de expectativa de safra tiveram como causa “o clima, que impactou de maneira negativa as condições do plantio da laranja, e o aumento dos custos de produção”.
 
O que chamou atenção do setor é que a Conab costuma ser certeira em seus prognósticos, considerados referência para a área agrícola.
 
 Santos afirma que o mais incrível da superestimativa é que ela não respeitou o ciclo bianual da laranja, que é similar ao do café, em que num ano as árvores atingem níveis de produtividade maiores do que nos anos seguintes.
 
Extraído do Jornal "El País", edição brasileira de 23.12.2013.

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